Antônio José da Silveira
23/05/1825
23/07/1899
"Filho de Albino J.Silveira e Ana Silveira. Fazendeiro no planalto central do Rio Grande do Sul, foi o grande idealizador e fundador do povoado de Tupanciretã, que tem como significado indígena (Deus Mãe Terra), pois ali antigamente existiam duas aldeias: Charruas e Minuanos
No ano de 1894, demarcou e doou suas terras para com que ex-combatentes e seus familiares pudessem ali se estabelecer. No mês de março de 1897 cedeu para Igreja Católica Apostólica Romana o local para construção da primeira igreja no vilarejo e no mesmo mês foi lançada a sua pedra fundamental. O senhor Antônio José foi um grande homem!"
Antônio José e a história do surgimento de Tupanciretã.
A zona onde atualmente se ergue o município de Tupanciretã parece ter sido povoado inicialmente pelos índios charruas e minuanos. Fundadas as Missões, em fins do século XVII, uma fazenda jesuítica foi construída no planalto de Coxilha Grande, onde nascem os cursos de água de Caneleira, Buracos e Ijuizinho. Pertencia à Redução de São João, e possuía uma capela, currais e arvoredos frutíferos. Batidos os estrangeiros na luta pela posse das Missões, depois de 1801 os índios venderam os rincões da fazenda, consumindo seus gados, e retirando-se a seguir. Após alguns anos, ficou baldio esse campo, com apenas o velho rancho que servia de pouso aos raríssimos viajantes provindos de São Martinho. Em 21 de outubro de 1843 foram aquelas terras incorporadas à Fazenda Nacional em virtude de lei.
Surge então o Dr. Hemetério José Veloso da Silveira, para advogar a causa de Alexandre Jacinto da Silva e João Nunes da Silva, que, ocupando a região da antiga fazenda, consideravam-se legítimos proprietários dela, tendo ganho de causa. Assim, temos os dois primeiros ocupantes efetivos de Tupanciretã em Alexandre Jacinto da Silva e João Nunes da Silva. Em 1857 dissolve-se a sociedade entre eles, ficando a estância novamente abandonada, vendida depois aos pedaços pelos herdeiros de João Nunes. Já então a denominação do local era Tupanciretã (Tupã = Deus; SY = mãe; Retã = terra) que significava terra da mãe de Deus, invocação da virgem feita pelos Jesuítas no idioma bárbaro dos índios.
Consta que por volta de 1835 foram morar na região Albino J. Silveira e Ana Silveira, sendo um de seus filhos, Antônio José Silveira, mais tarde o fundador da povoação. Diversas famílias para lá se transladavam, trabalhando e fazendo progredir aquelas plagas.
Em 1865 muitos se retiraram dali para ir combater no Exército Imperial, a tirania de Solano Lopez. A 28 de dezembro de 1894, Antônio José da Silveira mandou efetuar medição de suas propriedades, o que foi feito por Antônio Edler. A intenção do proprietário era amparar a quantos saídos da luta fratricida, procurassem um recanto onde ganhar a própria subsistência. Deram terras de Tupanciretã, sem ônus algum, a quem quisesse edificar, entregando-se ao Conselho Municipal de Vila Rica. Em março de 1895 estava traçada a área do futuro povoado.
Antônio José da Silveira, em 19 de setembro de 1897, doava à Igreja Católica Apostólica Romana a Praça de Frei Galvão, a fim de ser ali erigida uma igreja consagrada à Mãe de Deus. A 29 do mesmo mês, com as soledades de estilo, era lançada a pedra fundamental do templo.
Entre os primeiros habitantes, figuram Felipe Amâncio Licht, João Krebs, José Carlos de Morais, Prudêncio Silveira, Serafim Silveira, Luiz Gonzaga de Azevedo, Augusto Scharleand, Eugênio Veríssimo e muitos outros.
A 17 de agosto de 1903 surgia o primeiro órgão de imprensa: “O Tupanceretan”, dirigido por Vaz Ferreira. A população atingia então 800 pessoas.
A 20 de fevereiro de 1908, instalava-se a charqueada, um estabelecimento exemplar. Em 1913 era fundado, após uma assembleia popular, o primeiro colégio; em 1919, instalava-se a primeira agência bancária; em 1927, era criada a paróquia de Madre de Deus de Tupanciretã; em 1923, criava-se uma coletoria no povoado. Assim ia se desenvolvendo Tupanciretã, na primeira quadra do século. Em 1927, inicia-se a campanha pela emancipação. Era de fato, lamentável sua situação jurídica: a rua principal era divisa de dois municípios; sua arrecadação, investida nas duas sedes, nunca no povoado. Em 1928 a população atingia 3953 habitantes; a receita arrecadada chegava a 100.000.000, a qual ia para Cruz Alta e Júlio de Castilhos. A 21 de dezembro de 1928, sendo Presidente do Estado o Dr. Getúlio Dornelles Vargas, era assinado o decreto que criava o município de Tupanciretã. Foi constituído com o 2º, 3º e 7º distritos de Júlio de Castilhos, o 2º de Cruz Alta e parte do 8º de Santo Ângelo – com um total de 8000 habitantes.
Pelo decreto nº 4201 foi nomeado intendente provisório o coronel Estácio do Nascimento e Silva. A instalação deu-se no clube comercial, a 3 de janeiro de 1929. A 6 de fevereiro de 1929 realizavam-se as primeiras eleições.
Em 1932, ocorrendo o movimento revolucionário, constitucionalista partido de São Paulo, contra o Governo Provisório da República, formou-se em Tupanciretã uma coluna de 800 homens, sob o comando do coronel Marcial Terra, apoiando o movimento insurgente, ocorrendo pouco mais tarde e pacificação. Daí por diante a região não foi mais palco de sucessos militares e pode dedicar-se à construção de um dos rincões mais progressistas e acolhedores do Estado.